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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O super-homem

Este inspirado texto do falecido canal italiano Pietro Ubaldi nos dá uma visão poética e sublime do homem espiritualmente evoluído

Acompanhamos o homem nas suas ascensões, pelas sendas do trabalho, da renúncia, da dor, do amor, convergentes todas para a sua maturação biológica e para a sua transformação em super-homem. No ápice da evolução que estamos seguindo, desde os mais baixos estados da matéria, é este o novo ser que o amanhã gerará. Que é o super-homem? As suas sensações e seus instintos demonstram, no estado de aquisição realizada, as qualidades que, no homem comum, ainda se acham em estado de formação. As virtudes entrevistas como ideais, os conceitos - para cuja conquista, no campo moral e intelectual, a normalidade trabalha com esforço - estão definitivamente assimilados e próximos da zona de estabilização do instinto. O super-homem - seja ele poeta, artista, musicista, sábio, filósofo, herói, chefe ou santo; seja, principalmente, um intelectual que desenvolva as forças do pensamento, um dinâmico da vontade e da ação ou um místico, que cria no campo do sentimento e do amor - é sempre, no ímpeto da sua fecundidade, um tipo de superconsciência e, na sublimação da sua personalidade, um gênio. É o supertipo do futuro, uma antecipação das metas humanas. Os normais podem passar a vida sem jamais cogitarem do espírito: para o gênio, este é a mais intensa realidade da vida. Resultado de imenso labor no tempo, ele sintetiza os mais altos produtos da evolução e da raça, mas está só e o sabe. Move-se numa dimensão conceitual que lhe é própria, que só os seus semelhantes compreendem. Descido dos céus, está na Terra ou em sofrimento ou em missão, e sonha com a pátria distante. Não segue os trilhos batidos; sabe estabelecer relações entre fatos e idéias que os outros não vêem; é um supersensitivo que alcança a verdade imediatamente, por intuição; nada tem que aprender, mas recorda e revela. Esta emersão da consciência normal, esta antecipação de evolução, na maioria das vezes, só tardiamente é compreendida.No vosso mundo, se o triunfo parte do pressuposto da compreensibilidade, todo sucesso, para ser rápido, tem que conter afirmações medíocres. O aplauso das multidões, quanto à extensão e à presteza, está na razão inversa do valor. É de lei, portanto, que o caminho do gênio seja de solidão e de martírio, e nenhuma recompensa humana existe para aquele que executa os maiores labores da vida. O cérebro da mediocridade tem suas medidas e as impõe a todos; não aceita e condena tudo o que não possa apreender; nivela tudo; nega tudo o que exprime mudança evolutiva para a qual não esteja preparado, todo deslocamento de equilíbrio que ele não tem o poder de estabilizar. Quando uma verdade nova não se encaixa no passado e não o continua, quando não tem suas bases no conhecido e aceito, quando encerra uma percentagem de novidade que supere os limites do que ele tolera, o gênio, então, é rechaçado pela razão de que a ascensão se processa por continuidade. Mas, no equilíbrio universal, a evolução lenta das massas é sempre fecundada por aquela centelha superior, que, no momento próprio, se acende na Terra, sacode a inércia e se abaixa, para erguer-se de novo. Há nas coisas um equilíbrio que cedo ou tarde impõe a compensação. Fora inútil revelar-nos altas verdades, por demais afastadas de vós, porque ficariam perdidas no incompreensível. A compreensão não é obra de cultura ou raciocínio; é uma maturação que se alcança por evolução.O gênio fica isolado nos seus vastíssimos horizontes. Suas relações sociais são relações de esforço, não de compreensão, e, muitas vezes, de perseguição. Dentro de si, porém, ele atingiu o escopo e o sabe. Seu olhar penetra a íntima causalidade fenômenica; o fracionamento da realidade, entre barreiras de espaço e de tempo, está superado na parada suprema do espírito, a repousar na visão global do todo. Sublime arrebatamento onde não chega o tormentoso turbilhão das humanas ilusões, onde o repouso é absoluto, imenso o poder, onde a sensibilidade, multiplicando-se em a nova percepção anímica, corre ampla ao encontro do infinito, onde completa é a alegria da alma que recebe o ósculo do divino, dado numa chama de amor. O centro da vida se desloca, a consciência tem a visão da Lei, a sensação do seu operar, mergulha na sua corrente, respira a música que emana das harmonias da criação e desse respiro se nutre. É no gênio que vemos o psiquismo atingir o vértice das suas manifestações. Está realizada a conquista da verdade, a consciência se move em plena luz. Não mais ângulos obscuros, inexplorados, dentro e fora de si, nem aquelas zonas de trevas em que se aninha o mistério. A Lei é toda ela evidente, luminosas se tornam até as causas últimas.Paralelamente, é mais profunda sensibilidade. Tem ele os seus amores e os seus pudores e, quando sua alma se abre diante do infinito, quer estar só. É sagrada a sua visão e se oculta aos olhos de estranhos, como diante de uma profanação. E há, verdadeiramente, alguma coisa de sagrado nessa comunhão da alma com o divino. Somente ao pulsar de um grande amor o mistério se abre e desvenda; ele só responde a quem lhe sabe bater às portas. Necessária se faz, muitas vezes, uma coragem louca, uma vontade desesperada, o impulso frenético de uma dor imensa, um arroubo de fé, que não mede as profundezas do abismo. Só então abaixam-se as pontes e os confins do concebível subitamente se dilatam. Sobretudo, uma sensibilidade apurada protege estes fenômenos de comunhão profunda , que se detém ante a violência do ignaro, a quem as forças protetoras do mistério não permitem a destruição, senão das coisas exteriores, que ele pode perceber e nada mais. Riqueza da alma que não se rouba, nem usurpa, o gênio é conquista individual fadigosamente merecida e só aquele que a alcançou pode dela gozar, porque é sua. Um feixe de sentidos novos, fundidos na síntese de uma percepção anímica, lhe permite o gozo de belezas delicadíssimas, hoje supersensoriais. Uma estética mais profunda nasce, que não a da forma, seja esta criação do homem, seja da natureza: a arte divina do bem, que realiza uma íntima e mais alta beleza do espírito. Mais do que contemplação é atuação, em si, de uma perfeição superior e de uma harmonia universal, aquisição de valores imperecíveis, criação de um organismo espiritual de eterna formosura. Nova capacidade de penetração psíquica revela sem sombras o mistério da alma. Desnudo, aparece o organismo espiritual de cada ser, tornando-se impossível a mentira. A par de uma concepção diversa da vida, um novo estado de ânimo para com as coisas, uma harmonização completa, uma união com Deus. O espírito repousa numa grande calma interior, a paz de quem conhece a meta. O super-homem é consciente de toda a sua personalidade, da gênese de todo o seu instinto, cujos traços permanecem no eterno passado; sabe a sua história, longa história tecida de férrea lógica, em que nada morre, nenhum valor se perde nunca e, sobre esta base, antecipa o seu futuro, o prepara e quer. Dá a padronização de todas as forcas do próprio Eu, um saber adestrar-se como dominador entre as impulsões da vida. Ele há compreendido a dor, remontando as fones do mal, e não mais se agita em tormento de rebelião, de ira, de inveja; só e capaz de uma reação, a de reconstrução silenciosa e consciente e, por si só, sem o passar a outrem, assume todo o trabalho do próprio dever. Sabe que a dor conquista e o seu esforço de vida é fecundo em conquistas espirituais. Então, vivendo em relação com os mais longínquos momentos do grande esquema do próprio progresso, o espírito supera o tempo e a dor, e a vida se desata, como um cântico de reconhecimento, na mais profunda música da alma. Harmonia interior é a grande festa: a alegria de sentir-se sempre em relação e de acordo com o funcionamento orgânico do universo, de ser nele eterno e, embora pequenino, parte sua integrante, em ação. A consciência de achar-se na posição em que a lei coloca-o para seu próprio bem, de mover-se sempre no seio da justiça divina; o cantar-lhe no coração e grata voz da consciência, voz que conforta e aprova; o viver nessa visão da lógica e da bondade do todo, nessa luz de espírito como numa vivificante atmosfera própria; essa saciedade da alma e esse equilíbrio moral são a mais intensa felicidade do super-homem.Eis o paraíso, colocado no ápice das ascensões humanas; eis o máximo de perfeição e de felicidade que o que vos é concebivel pode hoje conter. Com isso, completa-se na Terra o caminho da evolução individual, para continuar-se depois, emigrando a novas dimensões. Constitui um bem indicá-lo em todos os campos e incitar a tais ascensões. Fazendo-o, não realizamos inutilmente a nossa viagem.

Pietro Ubaldi (1886 -1972), italiano nascido na cidade de Foligna, iniciou a atividade mediúnica aos 45 anos. Em 1951, deixou a Europa do pós-guerra, onde imperava uma cultura de conceitos cristalizados, e veio morar em São Vicente, São Paulo, onde encontrou um ambiente mais receptivo às suas idéias. Deixou 24 livros publicados.

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